Fonte: Jornal de Brasilia
Segundo as estatísticas, as mulheres são mais cuidadosas e atentas ao trânsito. Por isso, sempre tiveram privilégios na hora de contratar um seguro de automóveis. Há cerca de dez anos, elas podiam pagar até 40% a menos que os homens, mas essa ampla vantagem parece estar com os dias contatos. Hoje, elas ainda pagam menos, mas a variação gira em torno de apenas 8%. Para especialistas, a mudança de conduta delas pode ser a justificativa, uma vez que dirigem mais, bebem mais e se envolvem em mais acidentes do que antes. Nos últimos quatro dias, pelo menos duas motoristas morreram em acidentes no DF.
“Podemos dizer que a exposição ao risco de as mulheres se envolverem em acidentes de trânsito e de terem o carro furtado ou roubado está se aproximando ao dos homens”, entende Manes Erlichman Neto, sócio-diretor da Minuto Seguros, responsável pela p esquisa de preços. Apenas um estudo mais aprofundado poderia revelar a causa exata, mas ele destaca que algumas hipóteses podem estar relacionadas “ao fato de a mulher moderna ter um comportamento próximo ao do homem em relação ao uso do veículo”.
Diferença
Há cinco anos, quando contratou o seguro, a empresária Maria Elysa, 46 anos, pagava R$ 2,3 mil. “Tirei o carro zero-quilômetro da loja e achei necessário, mas pelo valor tive que dividir em dez vezes. Fiquei o ano inteiro presa às prestações”, lembra. Hoje, sem se envolver em acidentes e sem a necessidade de acionar a seguradora, desembolsa R$ 1,4 mil.
“Antigamente, o valor que as mulheres pagavam era muito mais baixo, mas agora parece que a diferença acabou. Acho que as mulheres têm se envolvido cada vez mais em acidentes, bebendo mais e menos preocupadas”, analisa.
Ela acredita que esses fatores podem ter interferido na diferença de valores. Mesmo assim, considera um investimento importante: “Eu aconselho a fazer porque não é um dinheiro jogado fora. Mesmo que não se envolva em acidentes, é melhor não arriscar. Muitos carros são roubados e incidentes podem acontecer”.
Elas ainda se envolvem menos em acidentes, mas também estão em menor número nas ruas. Mais de 581 mil mulheres são habilitadas para dirigir no DF, representando 37,8% do total. Segundo o Departamento de Trânsito (Detran), em 2013, apenas 5,3% delas se envolveram em acidentes fatais – foram 28 dos 529 condutores.
Os dados do Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos (DPVAT) também revelam a participação mínima das mulheres em acidentes de trânsito. As motoristas foram responsáveis por 7% das indenizações pagas pelo seguro no primeiro semestre do ano – mesmo índice do mesmo período de 2013.
Inclusão “em todos os âmbitos”
As mulheres estão bebendo mais. Segundo pesquisa do 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), o número de mulheres que consomem bebidas alcoólicas aumentou 36% no ano passado. Aquelas que adotam um padrão de consumo considerado nocivo – quatro unidades em uma única ocasião – também aumentou. Entre elas, passou de 36% para 49%.
Aumentou também o número de mulheres que possuem seguro automotivo. “Há 20 anos, 20% dos segurados eram mulheres. Hoje, são 48%. É uma questão de mercado. No passado, dirigir carro era uma atribuição muito masculina, mas elas já se incluíram em todos os âmbitos”, revela Eduardo Dal Ri, diretor de Auto e Massificados da SulAmérica.
Exposição é menor
“Observamos muita diferença na relação entre homem e mulher ao volante, especialmente para aqueles que têm até 30 anos. Talvez porque o homem tende a ter uma direção mais esportiva quando mais jovem, enquanto a mulher, geralmente, é mais prudente no trânsito”, completa o diretor da SulAmérica.
Com o passar dos anos, porém, os comportamentos se equiparam. “Dependendo do comparativo, há diferenças de 30% e de zero. Quando mais jovem, o homem tem mais risco. Em casos de idosos, quase não há variação”, revela.
Prudência
Para Dorival Alves, presidente do Sindicato das Corretoras de Seguros do Distrito Federal (Sincor), as estatísticas ainda indicam que as mulheres são mais prudentes no trânsito, e isso justifica a diferença de valores.
“Elas não se expõem a riscos tanto quanto os homens. Eu bato na tecla que a variação deveria ser de 15% a 20%, mas depende da avaliação das companhias. Acredito ainda que nunca deixará de haver diferença nos valores”, avalia Dorival Alves.
Isso porque, segundo ele, as mulheres até se envolvem em acidentes, mas são mínimos. “Os sinistros que acontecem com elas são bem menores que com eles. Muitas das vezes o prejuízo é inferior ao valor da franquia e sequer acionam o seguro”, revela.
Colisões menos graves
A mulher costuma dirigir em velocidade média menor que o homem, e a colisão passa ser menos severa, aponta Dorival Alves, presidente do Sindicato das Corretoras de Seguros do DF (Sincor). “Outra curiosidade é que os homens têm os carros mais furtados porque se expõem mais ou saem mais”, diz.
Das vezes que elas precisam de socorro nas ruas, geralmente envolvem a assistência 24 horas. Dorival explica que “isso ocorre na madrugada, quando acaba a gasolina ou o pneu fura, por exemplo. Se comparar, elas usam menos o recuso do seguro”. Além disso, os casos de perda total aconteceriam mais em situações de roubo ou furto.
Apesar de estarem bebendo mais, “elas têm mais cuidado com a Lei Seca, são mais responsáveis e prudentes quando consomem álcool”, defende.
Critérios dividem opiniões
Aos 47 anos, a administradora Sandra Araújo e a geógrafa Regina Pinheiro não têm a mesma opinião com relação ao valor do seguro. “Acho justo pagarmos menos porque somos mais cuidadosas no trânsito. Eu mesma, na moto, sou mais segura que muitos homens por aí”, argumenta a primeira.
Há três anos, quando comprou a motocicleta, pagava R$ 1 mil. “Não pago mais porque ficava muito caro com o DPVAT. Meu seguro de vida me ampara em casos de acidente, não vejo tanta necessidade”, diz.
Para Regina, entretanto, o gênero não deveria ser determinante no momento de definir o valor. “Nossa sociedade cria muitas divisões. A pessoa que não tem problemas no trânsito deveria receber uma bonificação independentemente de ser homem ou mulher. Não dá pra generalizar”, analisa. Em 20 anos de carteira, diz nunca ter se envolvido em acidentes, mas desembolsa R$ 1,7 mil pelo seguro.
Perfil
Além do comportamento, idade, cidade e sexo, estado civil, tempo de habilitação e outros pontos são levados em conta para a avaliação dos perfis que determinam o valor que cada pessoa pagará pelo seguro “Da mesma forma que mulheres são, em média, mais cautelosas que os homens ao volante, as pessoas mais velhas se envolvem em menos acidentes que os jovens. O mesmo vale para os casados em relação aos solteiros e para aqueles que dirigem a mais tempo em relação aos novatos”, explica Manes Erlichman Neto, sócio-diretor da Minuto Seguros.
Também são avaliados aspectos relacionados ao uso e proteção do veículo, como local de estacionamento – tanto em casa, quanto no trabalho e instituição de ensino –, se ele é utilizado para ir e voltar ao trabalho e a quilometragem média mensal, por exemplo.
Mortes no trânsito
Uma mulher de 33 anos (foto) morreu ontem após capotar o carro na Avenida das Nações (L4 Sul), próximo à Ponte das Garças. Segundo agentes do Departamento de Estradas de Rodagem do DF (DER), a hipótese inicialmente levantada é de que a vítima estivesse em alta velocidade. Antes de perder o controle, ela teria batido em outros veículos. O carro só parou quando acertou uma árvore. A motorista usava cinto de segurança e foi preciso serrar o teto do carro para retirá-la, ainda com vida. Ela morreu a caminho do hospital. Neta do Pastor Vilarindo, um dos fundadores da Igreja Batista Central no DF, Andreia Matos era psicóloga da rede pública de saúde, moradora do Guará e deixou dois filhos – o mais novo tem três meses de idade.
Uma jovem de 18 anos morreu após capotar o carro na saída do Buraco do Tatu, sentido Eixão Norte, na noite da última quinta-feira. Larissa de Paula Pereira, condutora do veículo, foi arremessada para fora do automóvel e morreu no hora. De acordo com amigos da estudante de Administração da Universidade de Brasília (UnB), Larissa havia retirado a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) há três meses. Fonte: Da redação do Jornal de Brasília