Mulher é acusada de matar parceiros para ficar com seguros de vida
Fonte: G1 / (Foto: Polícia Civil/Divulgação)
A história que vamos contar envolve relacionamento e morte. Mas não amor. Uma mulher de Santa Catarina está sendo acusada de assassinar quatro parceiros para ficar com o dinheiro do seguro de vida deles. Veja até onde foi a teia dessa viúva negra.
Marli Teles de Souza, 46 anos. Moradora de Caçador, oeste de Santa Catarina. Para a polícia, uma mulher fria e perigosa acusada de planejar a morte de dois maridos, um namorado e um amante. Tudo para ficar com o dinheiro de pensões e seguros de vida.
“No dia da prisão da Marli nós encontramos na casa dela uma pasta contendo documentos de outros três homens com quem ela havia se relacionado. E todos esses homens estavam mortos. Então nós começamos a perceber que estávamos diante de uma teia de assassinatos, a teia da viúva-negra”, revelou o delegado Fabiano Locatelli. As duas primeiras vítimas foram casadas com Marli: o policial militar Nilson de Souza, morto no ano 2000, e o operador de máquinas Vânio Nórdio. A terceira vítima era um namorado dela, o agricultor Jocenir de Carvalho. A quarta e mais recente vítima era um amante do passado, o empresário Rui Dias de Oliveira, morto em junho deste ano. Marli e Rui tiveram um filho: Ulisses Souza de Oliveira, hoje com 21 anos. De acordo com a polícia, Marli orientou o filho para que se aproximasse do pai, com quem pouco tinha contato. O rapaz passou então a frequentar o restaurante de Rui e, em pouco tempo, começou a pedir ao pai que fizesse um empréstimo bancário para que ele pudesse estudar.
Insistiu tanto que Rui acabou indo ao banco e acabou assinando não um financiamento estudantil, mas sim dois seguros de vida em nome de Ulisses.
“Esses dois seguros de vida tinham uma cláusula de pagamento em dobro em caso de morte acidental, e por isso eles acabaram forjando esse acidente com o objetivo de receber o seguro em dobro”, explicou o delegado.
Menos de um mês depois de assinar as apólices, Rui foi encontrado morto na caminhonete dele, na beira de uma estrada. Para os investigadores, Marli planejou cada etapa do crime. Entre elas, fazer o assassinato parecer um acidente de trânsito. Para isso, o corpo de Rui foi posto na caminhonete dele, bem na posição do motorista. Marli foi no banco de trás. Ulisses foi na frente, ao lado do corpo do pai, dirigindo a caminhonete 15 quilômetros para fora da estrada, até chegar a um matagal, onde ela foi jogada.
“Na cabeça deles era o crime perfeito. O Rui tem um mal súbito, cairia aqui na barranca e morreria aqui. Além disso, esse é o caminho que o Rui sempre faria para ir para casa”, disse o investigador de polícia Pedro Dias.
Só que, dois meses depois, a sorte de Marli e de Ulisses começou a mudar. Foi quando a polícia recebeu uma denúncia anônima, pela internet, de que Rui havia sido envenenado. Um exame toxicológico revelou duas substâncias presentes no sangue de Rui: a clorfeniramina – um tipo de antialérgico – e a levomepromazina – um poderoso sedativo de uso controlado.
“A investigação comprovou que ele não fazia uso, que ele não precisava desses medicamentos. Então a Marli, de uma forma dissimulada, ministrou esses medicamentos a ele”, disse o delegado Fabiano Locatelli. Dois anos atrás, Marli também teria envenenado o agricultor Jocenir de Carvalho. É o que acredita Marinez de Carvalho, irmã de Jocenir. Ela conta que o irmão foi convencido por Marli a fazer um seguro de vida no valor de R$ 195 mil.
Repórter: Você sabia em algum momento que ele tinha feito esse seguro de vida? Marinez: Não, nunca soubemos nada. Repórter: Esse dinheiro ficou com quem? Marinez: Ficou com a Marli.
Duas casas, dois seguros de vida e uma pensão: esse é o saldo dos golpes que Marli teria cometido. E, antes de ser presa, a viúva negra já havia atraído a quinta vítima para sua teia. Ele prefere não se identificar. Desconfiou quando Marli começou a falar em seguro de vida com apenais dois meses de namoro. “Fazia pouco tempo que a gente se conhecia assim e ela veio com papo de fazer seguro. Insistiu lá, apresentou umas propostas, ela disse que pagava o seguro e tudo. Achei muito estranho, eu terminei o namoro e saí fora”, conta. Marli e o filho, Ulisses, estão presos preventivamente no presídio de Caçador. Serão indiciados por quatro crimes, entre eles homicídio duplamente qualificado, por matar por motivo fútil e de forma cruel.