Falta de combustível e filas nos postos, escassez de alimentos, racionamento de energia na região Norte, redução da frota de ônibus nos grandes centros. A greve dos caminhoneiros está afetando a vida de milhões de brasileiros. Os prejuízos podem atingir tanto a população quanto as empresas contratantes dos serviços de transporte.
De acordo com o balanço da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) – uma das responsáveis pela greve–, são 330 pontos de rodovias interditadas pelo movimento de paralisação dos caminhoneiros em 23 estados. A parada interfere não só na distribuição de alimentos, que apodrecem rapidamente, como na preservação de eletrônicos, que podem ser saqueados, mas também nas apólices de seguro destes produtos.
É importante dizer que essas apólices não cobrem o risco de greve. “A greve não é apenas dos caminhoneiros. As empresas de transporte estão fazendo o ‘lockout’ (greve patronal) que, nesse caso, é um risco excluído”, explica Salvatore Lombardi Jr, presidente do Clube Internacional de Seguros de Transportes (CIST). “As chances de uma carga ser saqueada parada no meio de uma estrada é grande. Com o lockout, a empresa passa a assumir o risco de sofrer com roubos ou danos na mercadoria, por isso, a seguradora não é acionada caso ocorra um sinistro”, continua.
O presidente do CIST acredita que as transportadoras estão bem preparadas para os prejuízos que a greve pode trazer. “Essas companhias têm um forte Gerenciamento de Risco. Os altos índices de sinistralidade vistos nos últimos anos clamaram pela especialização no setor. Além disso, empresas de gestão e seguradoras estão trabalhando mais para atender uma maior parcela do mercado, oferecendo produtos mais abrangentes para o ramo de transportes”, declara Lombardi.
Greve sem prazo de validade
O presidente da Abcam, José da Fonseca Lopes, disse entrevista à rádio CBN, que a redução de 10% na cotação do diesel pelo período de 15 dias, que foi anunciada na noite de quarta-feira (23) pela Petrobras, “não é suficiente” e “não resolve a situação”. “A greve será suspensa apenas se governo retirar a tributação sobre o combustível até o fim de 2018 ou 2019”, enfatizou o presidente.
Fonte: Revista Apólice