As fortes chuvas que estão castigando São Paulo e várias outras metrópoles brasileiras neste início de ano têm provocado uma série de transtornos. Queda de energia, árvores derrubadas e transporte público fechado estão entre os problemas mais recorrentes. Além disso, quem usa carro precisa ficar atento a outro perigo: os alagamentos.
E é aí que entra outra parte fundamental, o seguro. O motorista que tiver seu carro danificado em uma enchente só será ressarcido pela seguradora caso tenha contratado uma cobertura específica no plano, informa a Susep (Superintendência de Seguros Privados). Entenda como funcionam os seguros e como proceder em casos de danos severos
Segundo a Susep, é importantíssimo ler as cláusulas do manual da apólice de seguro, pois é nela que constam todos os detalhes da cobertura contratada para o veículo.
— Nós recomendamos que os consumidores, ao contratarem um seguro, leiam o manual da apólice que as empresas são obrigadas a fornecer com todas as informações sobre aquele seguro. Ali constarão todas as coberturas contratadas pelo segurado (incêndio, roubo, danos a terceiros, colisões, etc.) e as instruções para receber o seguro.
O problema é que os procedimentos relacionados a enchentes variam de acordo com a seguradora. Segundo o diretor executivo de sinistros da Allianz Seguros, Laur Diuri, a maioria absoluta dos planos comercializados no Brasil inclui a cobertura contra enchentes.
— Aqui são vendidos basicamente os planos completos, que incluem cobertura contra colisão, incêndio, roubo e danos da natureza, como enchentes, queda de raio, granizo, vendaval e árvore caída. É a “cobertura compreensiva”.
A superintendência ressalta também que, em caso de acidente, o segurado deve reunir a documentação necessária referente ao ocorrido e entregar à seguradora, que a partir daí tem 30 dias para pagar o seguro — do contrário, poderá ser penalizada pela Susesp.
Mas o que fazer quando o motorista não contratou o seguro contra enchentes? Esse é o caso do comerciante Luciano Fagner da Silva, de 30 anos, que ficou ilhado com seu carro durante uma chuva de verão no bairro do Itaquera (zona leste de São Paulo), em dezembro de 2014.
Após deixar o carro secando por quatro dias, Luciano guinchou o modelo até uma oficina, onde começou o processo de restauração, que incluiu funilaria e higienização. O custou total foi de R$ 5 mil.
Atualmente, o pernambucano — que ganhou status de celebridade instantânea sob a alcunha de “Gato da Enchente” — afirma rodar normalmente com seu Ford Ecosport, comprado usado em 2009.Porém, Luciano já adianta que, ao contrário do seu carro atual, vai contratar um seguro para o seu próximo veículo, que espera ser um Honda Civic. Afinal, gato escaldado tem (mais) medo de enchente ao volante.
Por sinal, o problema das enchentes nos grandes centros, como São Paulo, é para lá de antigo.
Por isso mesmo, preparamos um especial para você, internauta do R7, saber como agir em situações de alagamento. O Cesvi Brasil (Centro de Experimentação e Segurança Viária) elaborou um guia com recomendações para os motoristas preservarem o veículo.
Confira a seguir as dez dicas de como atravessar uma enchente com segurança.
1. Se o motor do carro morrer durante a travessia, jamais tente dar a partida. Mantenha-o desligado e remova o veículo até uma oficina. Diante da possibilidade de admissão de água, essa prática reduz o risco de danos causados ao motor por um possível calço hidráulico.
2. Observe a altura do nível de água do trecho alagado. A maioria das fabricantes de veículos estabelece uma altura máxima para essas travessias e essa distância normalmente não pode exceder o centro da roda.
3. Dirija o veículo em baixa velocidade, mantendo uma rotação maior e constante ao motor, em torno de 2.500 rpm. Isso diminui a variação do nível da água e seu respingar junto ao motor, dificultando sua admissão indevida e a contaminação de componentes eletroeletrônicos, e melhora a aderência e a dirigibilidade do veículo na travessia.
4. Veículos equipados com transmissão automática devem ser colocados na posição de trocas manuais (se houver). Assim, o automóvel não desenvolverá tanta velocidade, sendo possível imprimir uma rotação maior ao motor. Outra possibilidade é alternar, manualmente, a troca de marchas entre “N” (neutro) e “D” ou “1”, de modo a manter a velocidade baixa durante o trecho alagado, sem descuidar da rotação do motor, sempre em torno de 2.500 giros.
5. Se o veículo for automático e tiver as opções “Winter” ou “Snow” para ajuste de tração, utilize esses recursos. Embora tenham função de conferir maior segurança em trechos de baixa aderência (como neve ou lama), as duas funções (sinalizadas na maioria dos casos pelo símbolo de neve) evitam que o veículo patine graças ao bloqueio do diferencial. Por isso, devem ser utilizados em alagamentos, pois beneficiam o controle da aceleração.
6. Mantenha o menor número possível de equipamentos ligados e fique calmo caso sejam constatados os seguintes sintomas: aumento de esforço ao esterçar (direção hidráulica), variação na luminosidade das luzes do painel de instrumentos, alertas sonoros, flutuação dos ponteiros, luzes de anomalia da injeção eletrônica, da bateria e do ABS (se disponível) acesas, aumento do esforço ao acionar os freios e interrupção do funcionamento da tração 4X4.
Todos esses sintomas provavelmente são causados pela perda de aderência entre a correia auxiliar e as polias da bomba da direção hidráulica, alternador e bomba de vácuo (veículo diesel), sendo, na maioria das vezes, um fato passageiro que não impede a dirigibilidade. Nestes casos, reforce a cautela e desligue periféricos como o som.
7. Desligue imediatamente o ar-condicionado. Essa prática impede que alguns componentes joguem água na tomada de ar do motor, reduzindo o risco de calço hidráulico. Veículos rebaixados e turbinados, na maioria das vezes, apresentam maiores riscos de sofrer calço hidráulico. Por isso, é aconselhável manter a originalidade da montadora. Se o veículo estiver modificado, redobre a atenção aos procedimentos sugeridos.
8. Faça um checkup preventivo caso tenha feito a travessia de um grande alagamento. Assim corrigem-se possíveis alterações do sistema de injeção eletrônica — muitas vezes simples e imperceptíveis — que podem gerar grandes transtornos posteriormente.
9. Após passar por um alagamento, dirija-se diretamente para uma oficina. Pode haver, entre outros, a contaminação do cânister, do óleo da transmissão, do(s) eixo(s) diferencial(is), no caso de veículos com tração traseira ou mesmo quatro por quatro, o que determina a redução da vida útil dos componentes integrantes desses conjuntos, além de riscos acentuados de falhas na embreagem, suspensão e freios. Por isso, ir até uma oficina solicitar a avaliação desses itens é a melhor alternativa.
10. Faça uma limpeza no sistema de ventilação. Após travessias consecutivas de alagamentos, você estará sujeito à contaminação por fungos, micro-organismos e bactérias. Por essa razão é recomendável realizar uma limpeza de todo o sistema para uma utilização segura
Fonte: CQCS | R7